segunda-feira, 19 de julho de 2010
Uma traição - Restauração Tem chance?
Uma traição - Primeiro, quis matá-lo. Depois, superei
uma mulher traída e um homem infiel
As pessoas que têm uma constituição psíquica mais frágil e dependem do relacionamento. Podem entrar em depressão, passar por uma crise de identidade e é muito difícil que consigam perdoar e continuar junto do outro sem fazer eternas cobranças”, diz. No outro grupo, estão as mais seguras de si, com boa autoestima e independência do parceiro. “Estas costumam reagir com raiva por se sentirem trocadas, pelo contrato de fidelidade ter sido rompido, e muitas vezes querem se vingar. É mais provável, porém, que consigam superar melhor a crise.”
Numa relação monogâmica, quando ocorre uma infidelidade, o susto ou a decepção é enorme,
mas os especialistas acreditam que, em geral, a pessoa traída já sabia ou intuía, mas preferia não confrontar o parceiro . muitos homens deixam rastros porque, no fundo, querem ser pegos, ou então eles mesmos revelam porque não é fácil sustentar segredos ou mentiras.
Perguntei o que era aquilo e ele respondeu o que eu preferia nunca ter ouvido: que estava tendo um caso fazia alguns meses, não revelou quantos exatamente. Insistiu que era coisa sem importância, mas ninguém fica meses com uma pessoa sem se envolver. Perdi o chão.
Tive um ataque histérico, de choro e de raiva, cheguei a dar uns tapas nele.
Precisava pensar e respirar fundo para poder lidar com aquilo. Ele se mudou para o quarto do nosso filho. Então vieram dias e dias de drama e sofrimento, brigas e conversas intermináveis, um horror. Ele tentava se explicar, se justificar, dizendo que me amava, que a outra não significava nada, e me pedia desculpas pela traição, jurava que nunca mais ia acontecer.
Minha amiga insistia para eu voltar, batalhar por ele.
Demorou um tempo para eu atinar que, se quisesse ficar com ele, além de perdoá-lo, precisava reconquistá-lo. Mas o primeiro movimento de reconquista foi dele, não meu. Ele logo caiu em si que estava errado. Nunca me senti culpada por ele ter me traído.
Não acredito nessa história machista de que o homem procura na rua o que não encontra em casa. Afinal, por que eu nunca fui atrás de um cara com qualidades que ele não tem? É safadeza mesmo, imaturidade.
O casamento seguia sem a animação dos primeiros tempos. Eu não era mais aquela mulher com quem ele tinha se casado: quando a gente vira mãe, se torna outra mesmo.
E o Ronaldo também não era mais o príncipe encantado. A paixão inicial havia desaparecido, eu também sentia falta disso, mas não fui transar com outro.
Levou meses para eu me sentir novamente segura do amor dele, que se desdobrou em atenções.
Ronaldo ficou muito ao meu lado, topando fazer o que eu queria: trocou de celular, deu um tempo na saída com os amigos, tornou-se um pai mais presente, aturou minha família, coisa que não fazia antes.
Demorou quase um ano para a gente voltar a namorar. Nossa primeira transa pós-crise foi intensa, mais emocional do que sensual, quase triste, como um reencontro depois de uma longa ausência.
Sinto como se eu tivesse ficado com um crédito: parece que ele respeita mais as minhas vontades, embora o assunto traição esteja encerrado. O que a gente tem junto é muito bom, muito forte, e só por isso fizemos de tudo para preservar o casamento. Para não dizer que não ficou nenhuma cicatriz, ainda estou reavaliando se quero ter o segundo filho, coisa que antes era certa para mim.
Ser infiel não significa deixar de amar sua mulher
É que a gente cansa, todo dia a mesma coisa, assunto de casa, família, precisa dar uma arejada. Minha mulher é especial, inteligente, bonita, generosa, tanto que me perdoou. E foi ela que eu escolhi para viver, ser a mãe dos meus filhos, fazer planos. Eu não queria machucá-la. Mas acho que houve um envolvimento, sim, porque o caso extraconjugal durou quase um ano. A garota tinha um bom papo, era bonita, mais nova, rolava muito tesão. Mas é com a Andreia que eu quero ficar. Nunca me passou pela cabeça separar.
Tem chance?
O terapeuta Ailton Amélio* delineou o perfil dos casais com maior capacidade de enfrentar o tsunami provocado pela infidelidade e continuar unido.
O que eles devem ter:
Amor - Se isso tiver realmente acabado, por que seguir junto?
Memória afetiva - Para cada episódio ruim, eles se lembram de pelo menos cinco coisas boas.
Independência Cultivam interesses próprios. A individualidade de cada um está preservada.
Estrutura sólida Não é regra, mas os laços são mais fortes entre parceiros de longa data, que são amigos, se respeitam, fazem planos. Os que têm filhos costumam pensar duas vezes antes de se decidir por uma separação.
Franqueza Um casal que está mais habituado a conversar sobre os problemas e sentimentos de cada um tem mais chances de falar sobre eles na hora do terremoto.
Paciência A mulher vai precisar de tempo para aplacar a ira inicial. Para recuperar a confiança dela, o marido que traiu precisa demonstrar seu amor, reassumi-la publicamente como a mulher da sua vida e fazer concessões, como deixá-la telefonar para ele no trabalho quantas vezes quiser.
* Ailton Amélio é professor doutor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo no Setor de Relacionamento Humano e coautor do livro Para Viver um Grande Amor (ed. Gente)
* Nomes trocados para preservar a identidade dos entrevistados
uma mulher traída e um homem infiel
As pessoas que têm uma constituição psíquica mais frágil e dependem do relacionamento. Podem entrar em depressão, passar por uma crise de identidade e é muito difícil que consigam perdoar e continuar junto do outro sem fazer eternas cobranças”, diz. No outro grupo, estão as mais seguras de si, com boa autoestima e independência do parceiro. “Estas costumam reagir com raiva por se sentirem trocadas, pelo contrato de fidelidade ter sido rompido, e muitas vezes querem se vingar. É mais provável, porém, que consigam superar melhor a crise.”
Numa relação monogâmica, quando ocorre uma infidelidade, o susto ou a decepção é enorme,
mas os especialistas acreditam que, em geral, a pessoa traída já sabia ou intuía, mas preferia não confrontar o parceiro . muitos homens deixam rastros porque, no fundo, querem ser pegos, ou então eles mesmos revelam porque não é fácil sustentar segredos ou mentiras.
Perguntei o que era aquilo e ele respondeu o que eu preferia nunca ter ouvido: que estava tendo um caso fazia alguns meses, não revelou quantos exatamente. Insistiu que era coisa sem importância, mas ninguém fica meses com uma pessoa sem se envolver. Perdi o chão.
Tive um ataque histérico, de choro e de raiva, cheguei a dar uns tapas nele.
Precisava pensar e respirar fundo para poder lidar com aquilo. Ele se mudou para o quarto do nosso filho. Então vieram dias e dias de drama e sofrimento, brigas e conversas intermináveis, um horror. Ele tentava se explicar, se justificar, dizendo que me amava, que a outra não significava nada, e me pedia desculpas pela traição, jurava que nunca mais ia acontecer.
Minha amiga insistia para eu voltar, batalhar por ele.
Demorou um tempo para eu atinar que, se quisesse ficar com ele, além de perdoá-lo, precisava reconquistá-lo. Mas o primeiro movimento de reconquista foi dele, não meu. Ele logo caiu em si que estava errado. Nunca me senti culpada por ele ter me traído.
Não acredito nessa história machista de que o homem procura na rua o que não encontra em casa. Afinal, por que eu nunca fui atrás de um cara com qualidades que ele não tem? É safadeza mesmo, imaturidade.
O casamento seguia sem a animação dos primeiros tempos. Eu não era mais aquela mulher com quem ele tinha se casado: quando a gente vira mãe, se torna outra mesmo.
E o Ronaldo também não era mais o príncipe encantado. A paixão inicial havia desaparecido, eu também sentia falta disso, mas não fui transar com outro.
Levou meses para eu me sentir novamente segura do amor dele, que se desdobrou em atenções.
Ronaldo ficou muito ao meu lado, topando fazer o que eu queria: trocou de celular, deu um tempo na saída com os amigos, tornou-se um pai mais presente, aturou minha família, coisa que não fazia antes.
Demorou quase um ano para a gente voltar a namorar. Nossa primeira transa pós-crise foi intensa, mais emocional do que sensual, quase triste, como um reencontro depois de uma longa ausência.
Sinto como se eu tivesse ficado com um crédito: parece que ele respeita mais as minhas vontades, embora o assunto traição esteja encerrado. O que a gente tem junto é muito bom, muito forte, e só por isso fizemos de tudo para preservar o casamento. Para não dizer que não ficou nenhuma cicatriz, ainda estou reavaliando se quero ter o segundo filho, coisa que antes era certa para mim.
Ser infiel não significa deixar de amar sua mulher
É que a gente cansa, todo dia a mesma coisa, assunto de casa, família, precisa dar uma arejada. Minha mulher é especial, inteligente, bonita, generosa, tanto que me perdoou. E foi ela que eu escolhi para viver, ser a mãe dos meus filhos, fazer planos. Eu não queria machucá-la. Mas acho que houve um envolvimento, sim, porque o caso extraconjugal durou quase um ano. A garota tinha um bom papo, era bonita, mais nova, rolava muito tesão. Mas é com a Andreia que eu quero ficar. Nunca me passou pela cabeça separar.
Tem chance?
O terapeuta Ailton Amélio* delineou o perfil dos casais com maior capacidade de enfrentar o tsunami provocado pela infidelidade e continuar unido.
O que eles devem ter:
Amor - Se isso tiver realmente acabado, por que seguir junto?
Memória afetiva - Para cada episódio ruim, eles se lembram de pelo menos cinco coisas boas.
Independência Cultivam interesses próprios. A individualidade de cada um está preservada.
Estrutura sólida Não é regra, mas os laços são mais fortes entre parceiros de longa data, que são amigos, se respeitam, fazem planos. Os que têm filhos costumam pensar duas vezes antes de se decidir por uma separação.
Franqueza Um casal que está mais habituado a conversar sobre os problemas e sentimentos de cada um tem mais chances de falar sobre eles na hora do terremoto.
Paciência A mulher vai precisar de tempo para aplacar a ira inicial. Para recuperar a confiança dela, o marido que traiu precisa demonstrar seu amor, reassumi-la publicamente como a mulher da sua vida e fazer concessões, como deixá-la telefonar para ele no trabalho quantas vezes quiser.
* Ailton Amélio é professor doutor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo no Setor de Relacionamento Humano e coautor do livro Para Viver um Grande Amor (ed. Gente)
* Nomes trocados para preservar a identidade dos entrevistados
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